Também conhecida como revascularização miocárdica, o procedimento diminui as chances de um infarto fatal
Quando as artérias do coração estão obstruídas por placas de gordura, a famosa aterosclerose, a angioplastia – procedimento que remove a gordura das artérias e melhora a circulação – pode não ser o suficiente para evitar que o órgão pife. Assim, a alternativa pode ser a ponte de safena.
No Brasil, não se sabe ao certo quantas pontes de safena são realizadas ao ano, mas dá para se ter uma ideia quando olhamos os dados dos procedimentos feitos nos Estados Unidos. Em um estudo realizado pela iData Research no ano passado, mostrou que foram registados cerca de 340 mil procedimentos. O que torna a ponte desafena ou a revascularização do miocárdio (o nome oficial da cirurgia) um procedimento bastante comum.
Segundo o cirurgião cardíaco e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Dr. Élcio Pires Júnior, quando o tratamento da aterosclerose não pode ser realizado com medicamentos, ainda antes de optar por uma ponte de safena, o procedimento padrão é visualizar se a angioplastia pode ser realizada, por se tratar de uma opção menos invasiva. “Se as artérias tiverem muitas lesões e a angioplastia se tornar inviável, optamos pela revascularização do miocárdio, criando uma outra forma para que o sangue continue circulando pelo coração”, conta o médico.
Quando a veia safena vai parar no coração
Os primeiros sintomas de que alguma coisa não vai bem no coração é a angina (nome complicado para dores no peito), que pode aparecer junto com dificuldades para respirar e mal-estar. Isso acontece quando o coração não está recebendo a oxigenação necessária e, para que não aconteça a morte do músculo cardiovascular, é preciso achar uma alternativa para que o sangue oxigenado chegue até o miocárdio, o músculo cardíaco.
A veia safena, localizada na perna, é ideal para fazer essa conexão. Um pedacinho da veia é retirado da perna do próprio paciente e faz essa “ponte” logo acima das artérias obstruídas pela gordura e ajuda o coração a funcionar melhor. “Os pacientes sempre me perguntam se a ponte de safena é uma cirurgia de risco. Embora seja um procedimento bastante realizado, todas as cirurgias possuem riscos. O ideal é prevenir para que nem a angioplastia, nem a revascularização do miocárdio sejam necessárias”, alerta o especialista.
Evitando o entupimento das veias
Assim como toda a complicação cardiovascular, a aterosclerose pode ser evitada com algumas mudanças de hábitos: largar o sedentarismo e fazer boas escolhas alimentares é só um começo, mas já ajuda.
“Além dos hábitos, outras doenças podem facilitar o aparecimento da aterosclerose, como o diabetes, a obesidade, a hipertensão, o alto colesterol e o histórico familiar. O tabagismo também favorece a formação de placas de gordura no interior das artérias e para evitar esse e outros tipos de problemas ligados à saúde cardiovascular, é preciso cuidar da saúde geral do organismo. Se você tiver qualquer um dos fatores de risco, o ideal é conversar com seu médico e fazer um check-up”, finaliza o cirurgião.
Dr. Élcio Pires Júnior é coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro – Rede D’or – Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons